O Barro – Execução dos vasos

Podemos dizer que a arranca do barro é a primeira fase. A seguir estende-se numa eira. Com um sacho abrem-se sulcos para que seque bem. Esmaga-se e mói-se. Depois peneira-se com a peneira do pão, sobre um plástico ou chão varrido. Alem deste barro, há o barro fermento. Junta-se na devida altura, ao primeiro para que tenha maior consistência, caso contrário a vasilha não se fazia. O barro fermento ia buscar-se perto de Izeda, também em carros de cargas. Arrancava-se com um sacho largo. É guardado em casa. O barro amassa-se com um maço de madeira. E o barreiro fica arrecadado numa loja, ou baixo da casa, junto como uma mó de cereal.
Num masseirão, recipiente feito de pedra ou madeira, deita-se o fermento que é amassado com água e coado por uma vassoura, feita de giestas. Este fermento cai sobre o barro branco já peneirado. Oito cestas de barro levam uma de fermento. Depois de amassado com o fermento, o barro toma a forma de um paralelepípedo. Faziam quatro ou cinco, conforme o gasto de cada dia. O barro amassa-se tal como o pão, e, depois de bem “sovado” e molhado com água grossa, pode ficar um ou dois dias que não endurece.
Chega agora o momento de ir à roda do oleiro. As peças maiores são feitas de três vezes. Mas a “pichorrinha”, porque pequena, é feita de uma só vez. Primeiro faz-se o “caco”, isto é, o fundo do vaso. A seguir faz-se o “boujaro” (bojo). E na terceira etapa faz-se o pescoço e a asa.
Regra geral, a oleira faz em serie todos os “cacos” (fundos), pondo-os depois a secar ao sol. Vão a “entesar tantinho”, como dizem. Tocando os cacos com os dedos, sabem se estão na altura de começar a segunda parte do vaso. É bom de ver que o bom ou mau tempo influi na secagem da peça.
Os oleiros trabalham em frente da casa ou num quintal.

 
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Fonte: AFONSO, B. (1981) – A cerâmica artesanal no distrito de Bragança, sua diversidade e extinção gradual, Brigantia, Bragança, vol 0, nº1.