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Albertina de Jesus Sá

Como se tivesse sido apenas ontem, Albertina de Jesus Sá, recorda o tempo em que não lhe sobrava vagar para...

 

2015-06-08T13:34:41+00:00

 

Como se tivesse sido apenas ontem, Albertina de Jesus Sá, recorda o tempo em que não lhe sobrava vagar para estar quieta, tinha de preparar o barro para a mãe e a tia, as duas cantareiras da família, e auxilia-las em tudo o que necessitassem. Era uma menina quando começou a arte e por isso diz que foi criada “no meio dos cântaros”. Como se tivesse sido apenas ontem, Albertina de Jesus Sá, recorda o tempo em que não lhe sobrava vagar para estar quieta, tinha de preparar o barro para a mãe e a tia, as duas cantareiras da família, e auxilia-las em tudo o que necessitassem. Era uma menina quando começou a arte e por isso diz que foi criada “no meio dos cântaros”.   Foi criada no meio dos cântaros? Fui, fui criada no meio dos cântaros. A minha mãe fazia os cântaros e uma minha tia também, eu era ganapa e era eu que preparava o barro para elas trabalharem. Aquilo dava muito trabalho. Ia-se a buscar o barro às minas de Paredes, iam com um carro da cria a buscá-lo e depois, antigamente malhavam nas eiras, botava-se lá o barro, depois iam com enxadas espalhar o barro, para o secar. Depois havia outro material para juntar ao barro que se ia buscar a Izeda. Iam também com um carro da cria, era uma terra muito peganhenta, tinha de ficar de um dia para outro num “masseirão”, uma pia de cantaria, deixava-se lá a molhar para o outro dia, mexia-se até que ficava grosso, até lhe chamavam o grosso. Depois era passado por umas vassouras que lhe chamavam “chavascas”, tal e qual como estou a contar, passava-se pela vassoura e depois é que se juntava ao barro. O barro com um maço de madeira esfregava-se em...
http://www.cicpinela.pt/testimonials/albertina-de-jesus-sa/

Dorinda Afonso

Dorinda Afonso era irmã da última louceira de Pinela. Nunca trabalhou no barro mas, de vez em quando, ajudava a...
2015-06-08T15:52:32+00:00
Dorinda Afonso era irmã da última louceira de Pinela. Nunca trabalhou no barro mas, de vez em quando, ajudava a irmã e recorda-se muito bem do tempo em qua a olaria era uma das actividades principais da aldeia.   Havia muita louceira em Pinela? Muitas mulheres, muitas, muitas…   E havia quem comprasse tanta louça? Havia, vendiam tudo porque, olhe, antigamente vinham os segadores, levavam cântaras, uma cântara ou duas conforme eles eram. Também iam vender para fora, pelas aldeias e nas feiras, agora por fim, à minha irmã, já vinha um carro de fora por elas.   Mas antigamente quando iam vender fora como levavam a louça? Empalhavam-na no burro e depois ia, ou um só da casa ou dois.   Como se empalhava? Faziam uma camadinha de palha no fundo de uma saca, depois era uma camadinha de cântaras e depois, conforme as asas, iam-lhe metendo palha para elas não se partirem nem se esboucelarem, porque se elas apanhavam aqueles boucelos já tinham que as dar muito baratas ou já não lhas queriam, era assim que faziam. Depois iam daqui para Izeda, pelas estrada e pelos atalhos, lá iam de aldeia em aldeia e às feiras.
http://www.cicpinela.pt/testimonials/dorinda-afonso/

Fernando Augusto Venceslau

(Filho de uma cantareira de Pinela, nasceu em 1938) Fernando Venceslau é filho de uma cantareira e enquanto menino tinha...
2015-06-08T16:19:08+00:00
(Filho de uma cantareira de Pinela, nasceu em 1938) Fernando Venceslau é filho de uma cantareira e enquanto menino tinha de ajudar a mãe no processo de fabrico da louça. Ainda se recorda de haver muita cantareira em Pinela?   Lembro, havia muitas cá, havia entre dez pessoas ou mais, que eu me recorde.   Mas o senhor não trabalhava no barro? A mim tocava-me dar à roda, a minha mãe era louceira e eu, ainda pequeno, tinha de dar à roda com atenção. Eu era garoto, logo me distraia a olhar para os lados, ela ia assim com a mão cheia de barro, de estar a trabalhar na roda, chapava-me assim com a mão cheia na cara!   Que idade tinha? Uns 12 anos, também ia com o meu pai buscar o barro, ia-se aqui às minas de Paredes.   E como o traziam? No carro da cria. Enchíamos as sacas a depois deitava-se o barro na eira, estendia-se bem estendido até que secasse bem, depois que estivesse seco é que se trazia então para um canto de uma loja, chamavam-lhe o barreiro.   E estava pronto para trabalhar? Antes ainda o maçávamos bem maçadinho e depois é que a minha mãe o peneirava e amassava.   O trabalho dos homens terminava aqui? Não, depois íamos ao mato para cozer no forno, coziam duas ou três pessoas, só uma pessoa não enchia o forno, juntavam se duas ou três e enchiam o forno. Tinha tipo uma galeria por baixo de um arco em pedra e fazia-se o lume por baixo, depois de tanto borralho feito, deitava-se com uma pá por cima dos cântaros, por uma porta por onde se metiam as louças.   E onde vendiam a louça? Ia-se pra Bragança com as bestas, eu ainda me lembro de...
http://www.cicpinela.pt/testimonials/148/

Fortunato dos Santos Rodrigues

Neto de cantareira, Fortunato dos Santos Rodrigues já não tem memória da avó, Maria José Vila Franca, trabalhar o barro...
2015-06-08T16:28:45+00:00
Neto de cantareira, Fortunato dos Santos Rodrigues já não tem memória da avó, Maria José Vila Franca, trabalhar o barro mas ainda guarda muitas peças que ela fez e recordações daquilo que ela lhe contava. Ainda tem memória das cantareiras trabalharem na aldeia?   Muita, eu ainda me recordo de trabalharem cá umas seis, ou mais, e a última era minha vizinha. Das últimas vezes em que cozeu no forno já fui eu buscar o monte, já tinha trator. Quando era pequeno havia muitas, quase todas as famílias tinham uma em casa, pelo menos 60% das famílias.   E da sua avó, ainda se lembra dela trabalhar? Já não, mas recordo-me de ela falar, de dizer como era, e ainda tenho cântaros e alguidares feitos por ela. Tenho potes, aí de 40 litros, que era onde se guardam as castanhas, para as conservar.   Toda a louça utilitária que se usava era feita aqui? Penso que houve tempos em que tudo o que usavam era originário daqui.   Lamenta que se tenha perdido a tradição das cantareiras? Tenho, muita pena, tanto tenho que aqui há uns anos, era eu presidente da Junta (fui durante 16 anos) tentei promover aqui um curso. Ainda havia uma louceira, ela estava disposta a ensinar mas como não tinha ela o curso não podia ser formadora, ela já tinha mais de 70 anos e quem é que lhe dava o curso a ela se não havia curso nenhum? Não foi possível! Fui ao Centro de Emprego e Formação Profissional mas não consegui. Não contava ela ter feito aquilo toda a vida   E receia que se percam também as memórias? Já tive receio agora não tenho. Sei que com o Centro Interpretativo se vai preservar tudo isto.   O barro esta na alma desta gente?...
http://www.cicpinela.pt/testimonials/fortunato-dos-santos-rodrigues/

Julieta Rodrigues

(única artesão que faz louça de Pinela) Julieta Rodrigues, como tantas outras raparigas de Pinela, saiu da aldeia com apenas...
2015-06-08T16:36:54+00:00
(única artesão que faz louça de Pinela) Julieta Rodrigues, como tantas outras raparigas de Pinela, saiu da aldeia com apenas 17 anos, para emigrar para França. Não trabalhava no barro mas, na sua meninice e juventude, acompanhava vizinhos e familiares na arte da olaria, observava com interesse e conta que o barro sempre fez parte da sua essência. Por isso, quando regressou à terra, já mulher madura, decidiu recuperar aquela arte entretanto perdida. Diz que trabalha por amor e com paixão, pelo barro.   Antes de emigrar já sabia trabalhar com o barro? Não, nunca fui oleira, não! Mas com vontade sempre de poder mexer no barro, trazia qualquer coisa dentro de mim, que eu dizia ao meu marido, quando eu tiver os meus filhos grandes, eu vou trabalhar no barro e sempre com um bichinho a mexer que eu queria trabalhar no barro(…). Não trabalhava o barro mas andei a ajudar a fazer cântaros, pois andei, a dar à roda, ajudei aqui a minha tia a trabalhar no barro. Na minha família a cantareira era a irmã do meu avô. Em geral quase todas as casas tinham uma cantareira e em casa do meu avô era a irmã dele. (…) Olhe, fiquei sempre com uma paixão de pequenina, por não me deixarem tocar na roda, fiquei sempre com uma paixão de poder tocar, e quando os meus filhos cresceram, foi aí que eu decidi mudar de vida, vim para o barro e o barro é qualquer coisa de mágico. Por dentro de mim há qualquer coisa que me diz que mexa com ele. Não se explica! (…)   E como aprendeu se já não havia cantareiras em Pinela? Olhe, aprendi quando cheguei a Portugal. Os meus filhos estavam crescidos e eu fui ao Centro de Formação dizer que eu...
http://www.cicpinela.pt/testimonials/julieta-rodrigues/

Centro Interpretativo da Cerâmica