Dorinda Afonso

Dorinda Afonso era irmã da última louceira de Pinela. Nunca trabalhou no barro mas, de vez em quando, ajudava a irmã e recorda-se muito bem do tempo em qua a olaria era uma das actividades principais da aldeia.
 
Havia muita louceira em Pinela?
Muitas mulheres, muitas, muitas…
 
E havia quem comprasse tanta louça?
Havia, vendiam tudo porque, olhe, antigamente vinham os segadores, levavam cântaras, uma cântara ou duas conforme eles eram. Também iam vender para fora, pelas aldeias e nas feiras, agora por fim, à minha irmã, já vinha um carro de fora por elas.
 
Mas antigamente quando iam vender fora como levavam a louça?
Empalhavam-na no burro e depois ia, ou um só da casa ou dois.
 
Como se empalhava?
Faziam uma camadinha de palha no fundo de uma saca, depois era uma camadinha de cântaras e depois, conforme as asas, iam-lhe metendo palha para elas não se partirem nem se esboucelarem, porque se elas apanhavam aqueles boucelos já tinham que as dar muito baratas ou já não lhas queriam, era assim que faziam.
Depois iam daqui para Izeda, pelas estrada e pelos atalhos, lá iam de aldeia em aldeia e às feiras.
2015-06-08T15:52:32+00:00
Dorinda Afonso era irmã da última louceira de Pinela. Nunca trabalhou no barro mas, de vez em quando, ajudava a irmã e recorda-se muito bem do tempo em qua a olaria era uma das actividades principais da aldeia.   Havia muita louceira em Pinela? Muitas mulheres, muitas, muitas…   E havia quem comprasse tanta louça? Havia, vendiam tudo porque, olhe, antigamente vinham os segadores, levavam cântaras, uma cântara ou duas conforme eles eram. Também iam vender para fora, pelas aldeias e nas feiras, agora por fim, à minha irmã, já vinha um carro de fora por elas.   Mas antigamente quando iam vender fora como levavam a louça? Empalhavam-na no burro e depois ia, ou um só da casa ou dois.   Como se empalhava? Faziam uma camadinha de palha no fundo de uma saca, depois era uma camadinha de cântaras e depois, conforme as asas, iam-lhe metendo palha para elas não se partirem nem se esboucelarem, porque se elas apanhavam aqueles boucelos já tinham que as dar muito baratas ou já não lhas queriam, era assim que faziam. Depois iam daqui para Izeda, pelas estrada e pelos atalhos, lá iam de aldeia em aldeia e às feiras.