Fortunato dos Santos Rodrigues

Neto de cantareira, Fortunato dos Santos Rodrigues já não tem memória da avó, Maria José Vila Franca, trabalhar o barro mas ainda guarda muitas peças que ela fez e recordações daquilo que ela lhe contava.
Ainda tem memória das cantareiras trabalharem na aldeia?
 
Muita, eu ainda me recordo de trabalharem cá umas seis, ou mais, e a última era minha vizinha. Das últimas vezes em que cozeu no forno já fui eu buscar o monte, já tinha trator.
Quando era pequeno havia muitas, quase todas as famílias tinham uma em casa, pelo menos
60% das famílias.
 
E da sua avó, ainda se lembra dela trabalhar?
Já não, mas recordo-me de ela falar, de dizer como era, e ainda tenho cântaros e alguidares feitos por ela.
Tenho potes, aí de 40 litros, que era onde se guardam as castanhas, para as conservar.
 
Toda a louça utilitária que se usava era feita aqui?
Penso que houve tempos em que tudo o que usavam era originário daqui.
 
Lamenta que se tenha perdido a tradição das cantareiras?
Tenho, muita pena, tanto tenho que aqui há uns anos, era eu presidente da Junta (fui durante 16 anos) tentei promover aqui um curso. Ainda havia uma louceira, ela estava disposta a ensinar mas como não tinha ela o curso não podia ser formadora, ela já tinha mais de 70 anos e quem é que lhe dava o curso a ela se não havia curso nenhum?
Não foi possível! Fui ao Centro de Emprego e Formação Profissional mas não consegui.
Não contava ela ter feito aquilo toda a vida
 
E receia que se percam também as memórias?
Já tive receio agora não tenho. Sei que com o Centro Interpretativo se vai preservar tudo isto.
 
O barro esta na alma desta gente?
Está, está na nossa alma, Pinela era uma terra de barro.
 
Não se pode ignorar na vossa história?
Não, não se pode ignorar. Agora só temos uma artesã que trabalha o barro mas faz isso como ocupação dos tempos livres, antigamente era por necessidade, o barro era o sustento.
2015-06-08T16:28:45+00:00
Neto de cantareira, Fortunato dos Santos Rodrigues já não tem memória da avó, Maria José Vila Franca, trabalhar o barro mas ainda guarda muitas peças que ela fez e recordações daquilo que ela lhe contava. Ainda tem memória das cantareiras trabalharem na aldeia?   Muita, eu ainda me recordo de trabalharem cá umas seis, ou mais, e a última era minha vizinha. Das últimas vezes em que cozeu no forno já fui eu buscar o monte, já tinha trator. Quando era pequeno havia muitas, quase todas as famílias tinham uma em casa, pelo menos 60% das famílias.   E da sua avó, ainda se lembra dela trabalhar? Já não, mas recordo-me de ela falar, de dizer como era, e ainda tenho cântaros e alguidares feitos por ela. Tenho potes, aí de 40 litros, que era onde se guardam as castanhas, para as conservar.   Toda a louça utilitária que se usava era feita aqui? Penso que houve tempos em que tudo o que usavam era originário daqui.   Lamenta que se tenha perdido a tradição das cantareiras? Tenho, muita pena, tanto tenho que aqui há uns anos, era eu presidente da Junta (fui durante 16 anos) tentei promover aqui um curso. Ainda havia uma louceira, ela estava disposta a ensinar mas como não tinha ela o curso não podia ser formadora, ela já tinha mais de 70 anos e quem é que lhe dava o curso a ela se não havia curso nenhum? Não foi possível! Fui ao Centro de Emprego e Formação Profissional mas não consegui. Não contava ela ter feito aquilo toda a vida   E receia que se percam também as memórias? Já tive receio agora não tenho. Sei que com o Centro Interpretativo se vai preservar tudo isto.   O barro esta na alma desta gente?...